domingo, 6 de abril de 2014

Um dia a ser lembrado

06 de Abril de 2014, Terra da Garoa, Brazil.



Boa tarde. Hoje quem vos fala é Liebe Wolf, proprietária e idealizadora da Portal a Vapor. Mas, formalidades a parte, hoje (embora com muito atraso), venho contar uma história, sobre um dia sem promessas que se tornou maravilhoso em dois tempos...



Tudo iniciou-se na manhã quente e seca de 29 de Março deste ano... O cansaço, horas antes, já havia roubado boa parte do fôlego que preenchia os pulmões dessa que vos fala, e também a disposição. Mas nada de abatimentos maiores. A bordo do MHIVA (Módulo Híbrido Individual de Viagem Aérea) - que infelizmente está avariado e não suporta médias ou longas distâncias - me desloquei da sede da Portal até a cidadela de Arthur Alvim, onde, encontrando mr. Takashi, tomamos um comboio até a cidadela de Sumaré, em uma viagem regada a conversas e ar gelado que inundava a cabine coletiva (infelizmente os comboios atuais carecem de cabines particulares, dizem as más línguas que é para evitar conspirações e coisas do gênero entre grupos de três ou mais pessoas). 


Takashi e Liebe Wolf
O tempo se distorceu e esticou como um elástico, para encolher em seguida, fazendo com que sua passagem pouco fosse notada, e logo estávamos desembarcando com nossas bagagens e aparatos em Sumaré. Seguimos o fluxo de pessoas suspeitas e foi vital para que não nos perdêssemos do caminho da Convenção de Entusiastas de alguma coisa, mais facilmente conhecida como Dia do Fã. Ao chegarmos, fomos devidamente identificados e partimos para os espaços delimitados para descarregar nossas bagagens. 

Tão logo arrumamos nossas mercadorias nas mesas, o tempo mais uma vez pareceu brincar, se esticando tão longamente que o tique-taque de cada segundo parecia ecoar nos ouvidos. Mas gracioso como sempre, zumbiu em seguida e voltou aos eixos do que é considerado natural e repôs o mundo em um movimento aceitável.

Capitão Barbarossa Targas, Liebe, Takashi
Claro, por conta das missões até a madrugada anterior, eu ainda estava sofrendo dos sintomas da falta de repouso: dicção comprometida, impaciência e um ar ébrio causado por nada menos que excesso de sono, mas mantive a cordialidade no nível apropriado (ao menos é o que eu suponho agora, sob o efeito do veneno¹). Entre encontros e reencontros, trocas de informações, propostas e contrapropostas, haviam os encantadores e totalmente pacíficos mercadores, alguns já conhecidos de outras eras, outros novos, mas todos com aquela familiaridade e educação incríveis que já é raro se encontrar atualmente. Também haviam os visitantes do futuro, devidamente trajados, e aqueles que julgamos não existir só porque não integram a mesma dimensão que nós, todos simpáticos e acolhedores. 



Mesa com exposição Potterhead
Como boa viajante, não tardei a estabelecer contato com todos, de bruxos a trouxas, de atemporais a futuristas, e é claro, meus amigos mais familiares, os piratas, que conseguiram uma brecha interdimensional e vieram visitar a convenção a meu convite, já que tenho demorado a visitar a nau deles. Tão logo lhes dei boas-vindas, mostraram-me uma nova safra de seu saboroso rum eterno (enquanto a garrafa permanecer cheia, o que costuma ser bem difícil) de produção da tripulação do Mosey. Decidi furtar o recipiente e selecionei alguns afortunados para provarem daquela maravilha, com propósitos bem generosos em mente. Não tardou para que esse pequeno capricho rendesse frutos e o Capitão Pirata Barbarossa Targas (o mesmo que me ensinara a manobra antes) aprovasse a ideia.


Depois de receber inúmeras visitas ao nosso espaço mercante - que consistia na união dos grupos que integro (Airship Galleon, Conselho Steampunk e, é claro, minha amada Portal) - e vendas, retirei-me mais uma vez, deixando a cargo do aspirante Gabryel (do Galleon), do mr. Takashi (comerciante de alta ordem da O.N Camisetas) e dos confrades ms. Adriana e mr. Candido (do Conselho) os nossos produtos. 


Hall da faculdade Sumaré e fandom DrWho, Harry Potter, LOTR, etc.
Em um novo tour pelo local, esbarrei com o escriba dos vampiros, Adriano Siqueira, e dos lobisomens, Alfer Medeiros, matando as saudades que estava de ambos, me demorando mais com o segundo, que além de algumas novidades ainda presenteou-me com seu mais recente relato do mundo dos lupinos, Fúria Lupina: América Central, com dedicatória exclusiva.

Infelizmente já começa a esvanecer da minha corrente respiratória o veneno que permite o acesso total às minhas memórias, então a narrativa pode sofrer com lacunas gigantes de vácuo a partir dessa sentença...


Liebe e Yasmine
Abraços, fotografias, muitas conversas, acordos e despedidas depois, chegou a hora de bater em retirada e aguardar pela próxima edição. 

Hall da Faculdade Sumaré com Ludus Luderia, Aline e Liebe
As atemporais miss Yasmine Wolf e mrs. Mina Harker "Dalla Vecchia", além de meu irmão Fernão de Quintana, o Navegador Fiori, o pirata vampiro Eddy Khaos, mr. Takashi, mr. Karl, miss Claudia e mais algumas pessoas cujos nomes me fogem à memória fizeram parte da caravana que se deslocou da convenção até a taverna Paraíso das Delícias, que não muito educadamente baixou as portas em nossos narizes, em uma clara recusa à nossa presença, e depois nos torturou com ondas sonoras insuportáveis e distorcidas de má qualidade misturada a desafino profissional. Faltou disposição e força a algumas dessas companhias, que não resistiram à fome e ao som horrível e logo partiram para suas respectivas realidades, enquanto restava apenas 5 de nós, bravos e pacientes, aguardando o retorno do Capitão do Mosey, com nossos preciosos recipientes de rum eterno. Confesso-lhes que valeu a pena aguardar tanto tempo, e enfim refazer o trajeto de volta para casa.


Embora o efeito do veneno tenha acabado, recordo com o coração, e pelas palavras acima escritas, que foi um dia digno de nota, um evento completo, maravilhoso e acolhedor, e do qual espero lembrar sem ajuda na próxima edição.

Meus mais sinceros agradecimentos aos idealizadores, principalmente as simpáticas organizadoras Silvia Penhalbel e Lisa Starbucks, que fizeram eu me sentir em casa por mais um ano.



Cordialmente, 











¹ Veneno - fórmula à base de componentes químicos e naturais desenvolvida por Fernão de Quintana, originalmente utilizada para acentuar em 99,99% cada um dos cinco sentidos, e posteriormente aprimorado adicionando a capacidade de neurotransmissor para ativação do hipocampo, permitindo o acesso total e provisório a informações que dormem no fundo da mente de seu utilizador. (Obs: O veneno é uma droga fictícia usada por inalação ou injeção e faz parte das obras de ficção de Fernando Cordeiro e Caroline Libar).

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